quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cinema de Gente Grande

Um rapaz simples de 19 anos, que mora na Zona Norte do Rio, e está cada vez melhor em sua carreira. Victor Hugo Fiuza não é jogador de futebol nem integrante de grupo de pagode. Ele escreve e dirige filmes de curta-metragens. Victor, que estuda Comunicação Social (com habilitação em Cinema) na PUC-Rio, começou cedo, aos 16 anos, roteirizando e dirigindo o curta de 20 minutos“Inocência Culpada”. A ideia veio de um assalto que o diretor sofreu. O filme mostra um garoto (interpretado por Victor) sendo assaltado por um grupo de meninos de rua, e depois narra o início do dia da vítima e dos marginais, mostrando como se encontraram. O curta foi feito depois de Victor ter recebido um convite do curador do festival de curtas do CCBB para participar. O pedido foi feito após o responsável pelo festival ter visto um vídeo de Fiuza e seus colegas. O festival foi cancelado por problemas internos no Centro Cultural Banco do Brasil, no Centro, onde seriam realizadas as mostras. Até hoje o filme não foi exibido.

Mas quem vê o azar que Victor deu com esse cancelamento, não imagina o quanto ele progrediu depois. Depois de “Inocência”, Victor Hugo fez um novo filme, “Cidade Partida”, com o mesmo co-diretor. O curta foi exibido na Mostra Curtas na PUC-Rio esse ano. É um documentário que reflete sobre a segregação social no Rio sob o depoimento de uma professora que dedicou sua vida a lecionar no subúrbio e baixada e um menino de 10 anos que mora na Maré.
Participou de gravações de terceiros e também filmou alguns shows no Circo Voador e Fundição Progresso. Agora termina de filmar entrevistas e a editar um documentário institucional pra escola Juscelino Kubitscheck, da rede FAETEC, onde estudou. Está também na produção de um curta de Wallace Ramos, amigo da PUC. As filmagens começam no início de novembro. No final de novembro, Fiuza vai filmar um novo curta dirigido e roteirizado por ele mesmo, o filme vai contar com atores profissionais.

Victor ganhou um concurso de melhor crítica de cinema feito pelo Jornal do Brasil. O prêmio foi ser jurado no Festival de Gramado. Fez alguns amigos e conheceu alguns jornalistas, críticos de cinema, como Rodrigo Fonseca, e outros cineastas, como a Maria Camila Loboguerrero, da Colômbia, e o Rui Simões, de Portugal. Conheceu também Vincent Carelli, que ganhou o Kikito de ouro com o filme que dirigiu "Corumbiara".

O estudante não tem um filme favorito, mas cita “Forrest Gump” quando as pessoas perguntam.

Acha o Cinema brasileiro um dos maiores da América Latina. Mas não vê aqui uma identidade tão forte, como o Francês, a fácil identificação que é de determinado país. Acha Fernando Meirelles excelente, gosta muito do Walter Salles. Curte Bergman e Fellini. Admira e é influencidado pelo Vittorio de Sica, diretor do "Ladrões de Bicicleta".

Victor escreve o que sente. Muitas vezes tem haver com a realidade social da onde vive, do Rio em si, mas sempre tentando deixar com que seja a realidade das pessoas, do ser humano, e não da cidade só.

O cineasta também é músico, toca violão e compõem para a banda “Poeta João”, que mistura Rap, MPB e percussão.

3 comentários:

Victor disse...

Acho que eu nem merecia um negócio desses, mas você meio que sintetizou uma parte do meu caminho até aqui. Gostei muito, foi tipo um "flashback" fazer essa matéria e você escreveu muito bem! Gostei mesmo.

Hanna disse...

Cada um tem uma maneira diferente de sentir e de representar nossa cidade partida. O que meus olhos me dizem é que a maneira que Victor escolheu de representar todo esse estilhaço, é brilhante e não porque abusa dos efeitos, mas porque é simples! Lindo texto e ótima pauta!
Beijos

Anônimo disse...

Um dia a gente se casa, meu querido....um dia a gente se casa!

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